quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Modernismo e suas fases

O movimento denominado Modernismo iniciou-se em 11 de fevereiro de 1922, com o evento chamado “Semana da Arte Moderna”. Mas muitos consideram o inicio do movimento a partir do ano de 1920, pois as características modernistas já haviam sido incorporadas aos escritores pré-modernistas.
A Semana de Arte Moderna foi um evento ocorrido no Teatro Municipal de São Paulo, o qual contou com inúmeros eventos, como apresentação de conferências, leitura de poemas, dança e música e vários grandes nomes da literatura brasileiras, tais como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida e muitos outros.
A arte exposta nesse evento causou uma enorme polêmica à sociedade da época, e atravessou o século XX, nos impressionando até os dias de hoje.
O movimento dividi-se em três fases:

Primeira Fase (1922-1930)
Caracteriza-se por ser uma tentativa de definir e marcar posições. Período rico em manifestos e revistas de vida efêmera.
Um mês depois da Semana de Arte Moderna, a política vive dois momentos importantes: eleições para Presidência da República e congresso (RJ) para fundação do Partido Comunista do Brasil. Ainda no campo da política, surge em 1926 o Partido Democrático que teve entre seus fundadores Mário de Andrade.
É a fase mais radical justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Caráter anárquico e forte sentido destruidor.
Principais autores desta fase: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

Características
• busca do moderno, original e polêmico
• nacionalismo em suas múltiplas facetas
• volta às origens e valorização do índio verdadeiramente brasileiro
• “língua brasileira” – falada pelo povo nas ruas
• paródias – tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras

A postura nacionalista apresenta-se em duas vertentes:
• nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade, identificado politicamente com as esquerdas.
• nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes de extrema direita.

Segunda Fase (1930-1945)
Estende-se de 1930 a 1945, sendo um período rico na produção poética e também na prosa. O universo temático se amplia e os artistas passam a preocupar-se mais com o destino dos homens, o “estar no mundo”.
Durante algum certo tempo, a poesia das gerações de 22 e 30 conviveram. Não se trata, portanto, de uma sucessão brusca. A maioria dos poetas de 30 absorveria parte da experiência de 22: liberdade temática, gosto da expressão atualizada ou inventiva, verso livre, anti-academicismo.
A poesia prossegue a tarefa de purificação de meios e formas iniciada antes, ampliando a temática na direção da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, ao tempo em que a prosa alargava a sua área de interesse para incluir preocupações novas de ordem política, social e econômica, humana e espiritual. À piada sucedeu a gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Uma geração grave, preocupada com o destino do homem e com as dores do mundo, pelos quais se considerava responsável, deu à época uma atividade excepcional.
O humor quase piadístico de Drummond receberia influencias de Mário e Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentam certo espiritualismo que vinha do livro de Mário Há uma gota de Sangue em cada Poema (1917).
A geração de 30 não precisou ser combativa como a de 22. Eles já encontraram uma linguagem poética modernista estruturada. Passaram então a aprimorá-la e extrair dela novas variações, numa maior estabilidade.
O Modernismo já estava dinamicamente incorporado às praticas literárias brasileiras, sendo assim os modernistas de 30 estão mais voltados ao drama do mundo e ao desconcerto do capitalismo.

Características
• Repensar a historia nacional com humor e ironia – ” Em outubro de 1930 / Nós fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas.” (Festa Familiar – Carlos D. de Andrade)
• Verso livre e poesia sintética – ” Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel?” (Cota Zero, Carlos Drummond de Andrade)
• Nova postura temática – questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto indivíduo
• Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta
• Literatura mais construtiva e mais politizada.
• Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius)
• Aprofundamento das relações do eu com o mundo
• Consciência da fragilidade do eu – “Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo” (Carlos Drummond de Andrade – Sentimento do Mundo)
• Perspectiva única para enfrentar os tempos difíceis é a união, as soluções coletivas – ” O presente é tão grande, ano nos afastemos, / Ano nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.” (Carlos Drummond de Andrade – Mãos dadas)
Os principais autores são: Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo.

Terceira Fase (1945-1978)
A literatura brasileira, assim como o cenário sócio-político, passa por transformações.
A prosa tanto no romance quanto nos contos busca uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva, com destaque para Clarice Lispector. Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão com Guimarães Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. Um traço característico comum a Clarice e Guimarães Rosa é a pesquisa da linguagem, por isso são chamados instrumentalistas. Enquanto Guimarães Rosa preocupa-se com a manutenção do enredo com o suspense, Clarice abandona quase que completamente a noção de trama e detém-se no registro de incidentes do cotidiano ou no mergulho para dentro dos personagens.
Na poesia, surge uma geração de poetas que se opõem às conquistas e inovações dos modernistas de 22. A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu (1947). Assim, negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras “brincadeiras” modernistas, os poetas de 45 buscam uma poesia mais “equilibrada e séria”. Os modelos voltam a ser os Parnasianos e Simbolistas. Principais autores (Ledo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geraldo Vidigal, Domingos Carvalho da Silva, Geir de Campos e Darcy Damasceno). No fim dos anos 40, surge um poeta singular, pois não está filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.
Vários fatos mundiais aconteceram nessa fase, tais como o fim da 2ª Guerra Mundial, o inicio a Era Atômica (com as bombas de Hiroshima e Nagasaki), a criação da ONU e a criação da Declaração dos Direitos Humanos, o início da Guerra Fria.
No Brasil houve o fim da ditadura Vargas e a redemocratização brasileira.

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